sábado, 12 de abril de 2014

Astecas, Maias, Incas, Milho, Insetos e Você!


Pirâmide Maia, rastros de uma civilização massacrada.
Há muito tempo atrás, antes de Cristovão Colombo, Cabral ou Cortês aparecerem por estas terras, antes mesmo de Cristo nascer, a nossa querida América já tinha moradores, povos nômades que andavam pra cá e pra lá em busca de alimento e demais condições de sobrevivência.
Aos poucos foram dominando técnicas de agricultura, construção, domesticação de animais, e dessa forma puderam ir se fixando em locais mais favoráveis à moradia.
Os Incas se destacavam em técnicas de construção e irrigação
Dentre esses povos, destacam-se os Astecas, Maias e os Incas, que embora com algumas diferenças entre si, se estabeleceram como impérios, adoravam o Sol e em geral se destacaram na agricultura, com técnicas de irrigação avançadas, drenagens; arquitetura, construindo pirâmides, palácios, templos, bem como se diferenciando nas artes, escrita, sistema numérico, calendário, estrutura social, religião, medicina, engenharia entre outros.
Sacrifícios Humanos eram típicos do povo Asteca
Eram povos com altos e baixos, mas que há muito tempo estavam estabelecidos aqui, vivendo em uma certa harmonia com o ambiente, com algumas disputas pelo poder de vez em quando, brigas entre tribos, mas nada muito grave. Entretanto na era dos “Descobrimentos” esses impérios vieram a baixo, se rendendo ao poderio militar dos Espanhóis, primeiramente liderados por Cortês, onde praticamente foram dizimados em pouco tempo, para dar lugar aos “Colonizadores” que levaram praticamente todo ouro e prata que conseguiram carregar para a Espanha.
Centeotl - Deus do milho Asteca
Em meio a toda essa situação, surge a lenda do “El Dourado” a qual era contada pelos índios aos soldados espanhóis em diversas regiões americanas, se referindo a uma cidade onde as construções seriam todas de ouro maciço e onde haveria tesouros imensuráveis, mito esse que chegou até a Europa, fazendo com que sedentos por ouro realizassem inúmeras incursões em busca de tal cidade, especulando-se o Deserto de Sonora no México; nascentes do Rio Amazonas; Planalto das Guianas; a região entre Venezuela, Guiana e Brasil (Roraima); entre outras possíveis localizações. É sabido que nunca foi encontrada tal cidade, e se encontraram não contaram.
Herança das técnicas agrícolas Incas
No entanto toda essa situação pode ter sido originada a partir de um erro de interpretação, pois para a maioria desses povos a maior riqueza que eles continham eram seus alimentos, sobretudo o milho. Pois somente após o domínio das técnicas agrícolas, principalmente a irrigação, foi possível produzir alimentos em uma escala maior e dessa forma alimentar mais pessoas e a partir disso, desenvolver um império. E o milho, originário justamente dessa região em questão, era sagrado para eles, pois era produzido em grandes quantidades, era nutritivo, podia ser estocado por bastante tempo, transportado, semeado, beneficiado e transformado em diversos pratos da culinária local. O próprio nome científico do milho remete a região: Zea mays (grão Maia). Ao que parece os espanhóis vieram, massacraram o povo, procuraram, encontraram e levaram ouro, prata, e outros metais, e disseminaram talvez sem perceber, a maior riqueza que esses povos tinham em comum: o milho.
Milho, riqueza dos povos Mesoamericanos
Hoje em dia, o milho é o cereal mais produzido no mundo, e o terceiro mais consumido, ficando atrás do trigo e do arroz. Ambos cereais com produção espalhada pelo mundo todo, chegando em torno de 50% da produção mundial de cereais, isso por serem alimentos que além de fornecerem energia a partir do amido, contém também fibras, proteínas, óleos, minerais e vitaminas, e podem ser facilmente estocados, transportados e beneficiados, sendo assim, com os devidos cuidados, alimento não perecível.
Pragas de grãos armazenados destroem o alimento estocado.
No entanto essa riqueza originária dos antigos povos mesoamericanos (milho), chineses (arroz) e mesopotâmicos (trigo), por suas características nutricionais, também é visada por outros seres vivos, sobretudo fungos e insetos. E entre esses, os maiores causadores de prejuízos são os chamados “insetos-praga de grãos armazenados”, os quais atacam normalmente após a colheita e estoque desses grãos, e ali permanecem, se alimentando, se reproduzindo, chegando ao ponto de destruir toda a carga armazenada, além de abrir espaço a outros insetos e fungos patógenos. Muito se melhorou em termos de tecnologia agrícola, de estoque e transporte, porém a briga entre humanos e insetos é de origem milenar e continua até hoje.
O DDT foi muito utilizado na 2ª Guerra Mundial
Os Chineses lá por volta de 1200 a.C. já utilizavam compostos arsênicos e mercúrio como inseticidas, os gregos possuem relatos de práticas de controle de pragas que datam de 70 a.C., existem registros de 1697 do uso de um pó à base de flores de pireto na Ásia, porém o uso em larga escala de produtos inseticidas foi relatado em Paris com o uso de arsênico verde e soluções de querosene.
O efeito de não conhecer os efeitos tóxicos do DDT
Tempo depois veio a 2ª Guerra Mundial e a necessidade de se controlar os piolhos nas trincheiras, e em 1939 surgiu o DDT, o Organoclorado que se tornou o composto químico mais utilizado no século 20, levando seu criador a ganhar o Prêmio Nobel de Medicina em 1948. Em seguida outra classe de inseticidas foi sintetizada na Alemanha, os Organofosforados; na década de 50 na Suíça surgiram os Carbamatos e entre os anos 60 e 70 os Piretróides no Japão e Reino Unido.
Foram bons tempos na agricultura, porém o uso excessivo e indiscriminado desses compostos químicos veio
Aplicação aérea de inseticidas
a causar diversos efeitos adversos, principalmente pelo fato de permanecerem no ambiente, agirem diretamente no sistema nervoso, não sendo específicos à insetos, intoxicando assim outros animais, e inclusive humanos, fatores que levaram os cientistas a procurarem novas alternativas inseticidas, tais como reguladores de crescimento, inibidores de quitina e modificadores de comportamento, bem como o uso de inseticidas biológicos à base de vírus, bactérias, fungos, e até mesmo outros insetos. Porém, as alternativas mais economicamente viáveis ainda são os Carbamatos, Organofosforados e sobretudo os Piretróides.
Charles Darwin, propôs a Seleção Natural como fator de Evolução
Acontece que eventualmente, em meio a uma população de insetos, existem indivíduos resistentes à determinado tipo de inseticida, pois já nasceram com alguma mutação que o permite ser assim, e a partir de um simples processo de Seleção Natural, proposto por Charles Darwin desde lá por 1842,
Seleção Natural de forma Simples
começa a ocorrer uma “evolução” nessa população, mais precisamente uma seleção mesmo, onde os insetos suscetíveis morrem, os resistentes sobrevivem, esses por sua vez se reproduzem e dão origem a novos insetos resistentes, que através do mesmo processo, os portadores dessa característica acabam se tornando de minoria à maioria em algumas gerações. Isso é ruim, pois a partir disso, é necessário aplicar doses cada vez maiores e mais tóxicas desses inseticidas, inclusive combinando-os, fazendo com que haja uma maior contaminação ambiental, e uma maior pressão seletiva, selecionando insetos cada vez mais resistentes.
Uma forma de tentar controlar essa situação é através de estudos relacionados à quais fatores estão gerando essa resistência nesses insetos, e buscar alternativas de se contornar esse problema. Ainda assim, o ideal seria desenvolver inseticidas altamente específicos para esses insetos, a fim de que os mesmos fossem inofensivos aos outros seres vivos.
Mudanças no exoesqueleto podem causar resistência
Basicamente pode-se identificar quatro principais fatores que geram resistência em insetos: Penetração reduzida: mudanças na cobertura de quitina do inseto lhes conferem resistência pela menor absorção do inseticida;
Mudanças comportamentais: os insetos percebem a presença do inseticida e procuram por um lugar não tratado;
A resistência aos inseticidas pode ocorrer por mudança comportamental
Modificação do sítio-alvo: os inseticidas possuem pontos específicos de ação, tais como os canais de sódio e enzimas específicas dos neurônios, modificações nessas proteínas-alvos podem fazer com que o inseticida não atue como deveria;
Resistência metabólica: causada por mudanças em estruturas de enzimas detoxificantes ou pela elevação dos níveis de produção dessas, as quais atuam nos inseticidas anulando-os ou fazendo com que percam toxidade.
As principais classes de enzimas envolvidas nesses processos são as Oxidases, que são responsáveis pelo metabolismo oxidativo de vários compostos; as Glutationas-S-transferases, que são enzimas multifuncionais geralmente envolvidas em processos de detoxificação de vários compostos; e as Esterases, que apresentam papel no sistema nervoso central, proteólise, metabolismo hormonal, lipídico entre outros, as quais atuam na resistência basicamente através de duas formas: sequestro do inseticida e metabolismo de inseticidas que possuem ligações éster, fazendo com que os mesmos percam toxidade.
Mutações nos canais de sódio causam resistência à piretróides
O estudo desses mecanismos de resistência, bem como novas formas de inseticidas menos tóxicos é extremamente importante, pois a medida que os insetos praga vão se tornando resistentes, formas e quantidades mais tóxicas de inseticidas vão sendo utilizados, contaminando o meio ambiente, intoxicando outras formas de vida, causando desequilíbrios ambientais e o pior de tudo: chegando à nossa mesa, à nossa boca, ao nosso organismo, nos intoxicando silenciosamente.
Fenda Sináptica e a Acetilcolinesterase, um dos alvos de inseticidas
Levando em consideração que o alvo da maioria dos inseticidas utilizados é o sistema nervoso, esses não sendo específicos para insetos, não é difícil correlacionar a ingestão de alimentos contaminados aí por uma vida toda, com os altos níveis de problemas relacionados ao sistema nervoso em geral, os quais podem abranger desde depressão, doenças degenerativas, falta de memória, falta de audição, visão entre outros até paralisias e problemas cardíacos. Afinal, o sistema nervoso controla todo o nosso corpo, problemas no funcionamento dele podem acarretar os mais diversos problemas, os quais raramente alguém pode pensar que pode ser por culpa dos alimentos.
Óleo de Neem, inseticida natural
Com uma pesquisada rápida na própria internet, observa-se que praticamente todos os alimentos contém inseticidas diversos, os quais alguns estão muito acima dos “limites aceitáveis”, e mesmo que em pequenas quantidades, pode-se pensar sem chegar a uma conclusão do quanto de inseticida já foi ingerido através dos alimentos, até mesmo aqueles que se coloca na tomada ou usa em forma de spray para espantar insetos da casa.
O Sistema nervoso é o principal afetado pelos inseticidas
Não sou contra o uso de inseticidas, mas me preocupo muito com isso, com esse descaso, com inseticidas que não são específicos para metabolismo de insetos, com os altamente tóxicos e persistentes, com o uso indiscriminado, com os efeitos que podem vir a ocorrer e que já ocorrem e que nem nos damos conta disso. Sou a favor do controle biológico, dos alimentos orgânicos, da agricultura familiar, das alternativas naturais menos tóxicas,
Todos são afetados
inseticidas mais específicos, desenvolvimento de novas técnicas de estocagem e proteção alimentícia, afinal, nosso alimento é um dos bens mais precisos que podemos ter, uma nação não vive sem alimentos, sem água, sem os bens básicos mais necessários à sobrevivência de seu povo. E eu não quero fazer parte de um povo doente, que nem sabe a causa de suas doenças.
Alimentos Orgânicos, uma alternativa saudável
E eu não estou falando somente de alimentos in natura, os quais geralmente são os mais carregados de inseticidas, tais como as frutas, mas também de todos os alimentos processados, àqueles que a maioria nem se pergunta do que é feito ou o que vem dentro. Pense nisso!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Efeito Mozart

"O Efeito Mozart refere-se a um aumento do rendimento ou uma alteração da atividade neurofisiológica associada a ouvir sua música"


No início dos anos 90 um estudo realizado pela psicóloga Frances Rauscher e Gordon Shaw, neurobiólogo da Universidade da Califórnia, EUA, trouxe à luz na revista Nature, o que seria o início da polêmica teoria conhecida como o Efeito Mozart: 36 alunos ouviram a Sonata para Dois Pianos em Ré Maior, de Wolfgang Amadeus Mozart durante 15 minutos; imediatamente após foram submetidos a testes para avaliar seu raciocínio espaço/temporal. Outros dois grupos realizaram testes idênticos com a única diferença de um dos grupos ter passado o mesmo tempo ouvindo musicas de relaxamento e o outro ter ficado em absoluto silêncio. 


Curiosamente, a pontuação ( traduzida para a escala de avaliação de QI) resultaram ser de oito a nove pontos superiores depois de ouvir Mozart, em comparação com outras situações. Esta conclusão foi muito breve, mas suficientemente importante para não ser indiferente a qualquer pesquisador. 


Um par de anos mais tarde, Rauscher e Shaw indagaram ainda mais sobre a base neurológica do aumento da capacidade de raciocínio, testes de inteligência espacial. Desta vez, para 79 jovens projetaram 16 figuras de papel dobrado de diversas formas. Cada projeção durou um minuto e eles tinham que adivinhar qual a forma que estes números teriam quando fossem abertos. 


Durante 15 dias, um grupo escutou a sonata de Mozart, outro grupo fez o teste em silêncio e um terceiro ouvido uma mistura de outros compositores. Os resultados foram que o grupo de Mozart poderia prever 62%, enquanto o percentual do grupo de silêncio foi de 14 e 11 no grupo de sons misturados. 

A polêmica estava lançada: vários pesquisadores tentaram reproduzir aquele efeito, sem sucesso; outros foram capazes de verificar os resultados positivos, aumentando assim o interesse no impacto da música do célebre compositor sobre o cérebro humano. Atualmente não há dúvida de que o efeito Mozart existe, ainda que limitado ao raciocínio espaço/temporal. 

Efeito Mozart não só por Mozart 

Não acredito que tais efeitos sejam limitados apenas ao raciocínio espaço/temporal, muito menos que ele se limite apenas a um compositor, a música tem efeitos impressionantes, ela é capaz de criar estilos de vida e ditar atitudes de pessoas perante acontecimentos. Muitas gerações até hoje possuem estilos intimamente ligados a um ritmo. Quanto a influência da música no intelecto... Acho que não só age diretamente, como também reflete o desenvolvimento da inteligência. 

Primeiramente é preciso distinguir inteligência de conhecimento, inteligência segundo o Aurélio significa “Faculdade de aprender, apreender ou compreender; percepção, apreensão, intelecto, intelectualidade” e o conhecimento é o “Ato ou efeito de conhecer”. Com isso percebemos que a inteligência em si é a priori para o conhecimento definitivo, é ela que ditará a velocidade de aprendizado e a capacidade da aprendizagem, enquanto conhecimento é fruto das experiências. Seguindo essa linha de raciocínio podemos ter uma pessoa muita inteligente, porém de pouco conhecimento; ou uma pessoa não “muito inteligente”, mas com o conhecimento gigantesco. Com isso fica claro que o efeito das músicas, se realmente existir, atingi não o conhecimento, mas a inteligência. Agora como explicar esse efeito? Não sou nenhum Neurocientista, mas posso criar minha própria teoria. 

Como todos sabem a aprendizagem se faz através de repetições e das novas experiências. A cada nova informação assimilada os neurônios criam novas ligações, e é a velocidade em que estas sinapses se constroem que talvez pudessem determinar a inteligência. Partindo-se do pressuposto que música tem a capacidade de induzir essas ramificações neurais, poderíamos concluir facilmente que há músicas que favorecem e outras que prejudicam essas formações. 

Conduzir a mente a estados que facilitam a aprendizagem seria uma das principais influências dos efeitos sonoros. O exemplo é a possível indução ao estado Alfa “que é quando nos encontramos em estado de relaxamento físico e mental, embora conscientes do que ocorre à nossa volta, sendo a freqüência em torno de 7 a 13 pulsações por segundo;”. “De acordo com neurocientistas, analisando eletroencefalogramas de pessoas submetidas a testes para pesquisa do efeito da diminuição do ritmo cerebral, o relaxamento atento ou o profundo, produzem aumentos significativos de beta-endorfina, noroepinefrina e dopamina, ligados a sentimentos de clareza mental ampliada e de formação de lembranças, e que esse efeito dura horas e até mesmo dias. É um estado ideal para o pensamento sintético e a criatividade, funções próprias do hemisfério direito.“. 

Propor interpretações e associações com imagens e experiências seria o fator principal de uma música com boa letra. Ela faz com que o cérebro, de um modo agradável, “exercite” e fixe conhecimentos adquiridos, com isso ele melhora seu desempenho e acelera suas funções, promovendo assim, de certa forma, um acréscimo substancial na velocidade cognitiva. 

Se as músicas tiverem esses efeitos positivos, obviamente, poderá também ter efeitos reversos. Músicas com repetições sonoras desnecessárias e uma letra paupérrima podem assim também fazerem com o que o cérebro não utilize todas suas ramificações, muito menos estimulam o desenvolvimento de novas ligações, o que com o tempo consequentemente se perderá.

Fontes:
http://stelalecocq.blogspot.com/p/musicoterapia.html 
http://www.cerebromente.org.br/n12/opiniao/criatividade2.html
http://www.welbermascarenhas.com/2011/05/o-efeito-mozart-na-inteligencia.html

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

"Quinta Sinfonia" de Beethoven destrói células cancerígenas

RIO - Mesmo quem não costuma escutar música clássica já ouviu, numerosas vezes, o primeiro movimento da "Quinta Sinfonia" de Ludwig van Beethoven. O "pam-pam-pam-pam" que abre uma das mais famosas composições da História, descobriu-se agora, seria capaz de matar células tumorais - em testes de laboratório. 

Uma pesquisa do Programa de Oncobiologia da UFRJ expôs uma cultura de células MCF-7, ligadas ao câncer de mama, à meia hora da obra. Um em cada cinco delas morreu, numa experiência que abre um nova frente contra a doença, por meio de timbres e frequências.

A estratégia, que parece estranha à primeira vista, busca encontrar formas mais eficientes e menos tóxicas de combater o câncer: em vez de radioterapia, um dia seria possível pensar no uso de frequências sonoras. O estudo inovou ao usar a musicoterapia fora do tratamento de distúrbios emocionais. 

- Esta terapia costuma ser adotada em doenças ligadas a problemas psicológicos, situações que envolvam um componente emocional. Mostramos que, além disso, a música produz um efeito direto sobre as células do nosso organismo - ressalta Márcia Capella, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, coordenadora do estudo. 

 
Como as MCF-7 duplicam-se a cada 30 horas, Márcia esperou dois dias entre a sessão musical e o teste dos seus efeitos. Neste prazo, 20% da amostragem morreu. Entre as células sobreviventes, muitas perderam tamanho e granulosidade.
O resultado da pesquisa é enigmático até mesmo para Márcia. A composição "Atmosphères", do húngaro György Ligeti, provocou efeitos semelhantes àqueles registrados com Beethoven. Mas a "Sonata para 2 pianos em ré maior", de Wolfgang Amadeus Mozart, uma das mais populares em musicoterapia, não teve efeito. 

- Foi estranho, porque esta sonata provoca algo conhecido como o "efeito Mozart", um aumento temporário do raciocínio espaço-temporal - pondera a pesquisadora. - Mas ficamos felizes com o resultado. Acreditávamos que as sinfonias provocariam apenas alterações metabólicas, não a morte de células cancerígenas. 

"Atmosphères", diferentemente da "Quinta Sinfonia", é uma composição contemporânea, caracterizada pela ausência de uma linha melódica. Por que, então, duas músicas tão diferentes provocaram o mesmo efeito? 

Aliada a uma equipe que inclui um professor da Escola de Música Villa-Lobos, Márcia, agora, procura esta resposta dividindo as músicas em partes. Pode ser que o efeito tenha vindo não do conjunto da obra, mas especificamente de um ritmo, um timbre ou intensidade. 

Em abril, exposição a samba e funk

Quando conseguir identificar o que matou as células, o passo seguinte será a construção de uma sequência sonora especial para o tratamento de tumores. O caminho até esta melodia passará por outros gêneros musicais. A partir do mês que vem, os pesquisadores testarão o efeito do samba e do funk sobre as células tumorais. 

- Ainda não sabemos que música e qual compositor vamos usar. A quantidade de combinações sonoras que podemos estudar é imensa - diz a pesquisadora.
Outra via de pesquisa é investigar se as sinfonias provocaram outro tipo de efeito no organismo. Por enquanto, apenas células renais e tumorais foram expostas à música. Só no segundo grupo foi registrada alguma alteração. 

A pesquisa também possibilitou uma conclusão alheia às culturas de células. Como ficou provado que o efeito das músicas extrapola o componente emocional, é possível que haja uma diferença entre ouví-la com som ambiente ou fone de ouvido. 

- Os resultados parciais sugerem que, com o fone de ouvido, estamos nos beneficiando dos efeitos emocionais e desprezando as consequências diretas, como estas observadas com o experimento - revela Márcia. 


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/03/29/celulas-tumorais-expostas-quinta-sinfonia-de-beethoven-perderam-tamanho-ou-morreram-924114082.asp#ixzz1b2sLq6hj
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